domingo, 7 de novembro de 2010

Exercendo meu dever cívico

Vi-me, pela primeira vez, frente a certo dever de cidadão. Após andar algumas quadras eu chegara a meu destino. O destino que me faria contribuir para o país nos próximos quatro anos. Entrava eu em um colégio próximo à minha casa, segurando minha identidade e meu título de eleitor. Nas semanas que antecederam esta data eu estivera, por alguns minutos de meu dia, assistindo propaganda eleitoral para me decidir e ir às urnas pela primeira vez. Uma perda de tempo? Talvez. Uma inutilidade? Não.

Era pouco mais de meio dia, chovia e havia uma fila grande em minha seção eleitoral. Postei-me então no final da linha, com os documentos em uma mão e um guarda-chuva um pouco maior do que eu na outra.
Olhei através do pátio do colégio e avistei alguns conhecidos, colegas de outras épocas, pessoas que eu não havia encontrado mais, apesar de morarmos próximos, indivíduos que, agora, eu conhecia somente on-line. Alguns me acenaram, alguns poucos fingiram nunca terem me visto e outros realmente estavam distraídos demais para se importar com o que acontecia ao redor.

Enquanto esperava que minha vez chegasse, observei meu entorno. Várias pessoas conversavam e discutiam sobre o sistema eleitoral brasileiro - não só mais velhos que eu, como jovens também -, umas também comentavam sobre seus filhos no colégio e outras, ainda, combinavam reuniões de família e amigos que não se viam há séculos. Um senhor às minhas costas falava à esposa ao telefone como Rio e São Paulo diferem na escolha dos governantes e como os brasileiros ainda não adquiriram totalmente a postura de votar consciente, sem pechinchas e segundas intensões.

Finalmente, me dirigi à mesa e os mesários também reclamavam que ainda não haviam votado e muito menos almoçado. Bom, eu também não e um vazio surgiu em meu estômago. Assinei e segui em frente para uma segunda fila. Felizmente, só haviam duas pessoas à minha frente e pude rapidamente computar meu voto.

Saindo de lá, tive a sensação de dever cumprido, de escolha consciente (mesmo que as opções não fossem muito propícias, fosse para quais cargos fossem), de ter votado democraticamente, e de alívio. No geral, feliz, por estar podendo valorizar e usufruir de um direito que levamos tanto tempo para reconsquistar.
Tinha dezoito anos, um título de eleitor e meu dever cívico exercido.
Pelo menos, até o segundo turno, que, curiosamente, estava mais vazio e foi muito mais sem graça em termos de experiência como cidadã, e como escritora.

4 comentários:

Lucinei Campos disse...

É muito bom como você pega uma coisa tão pequena e a coloca em texto com boas palavras! Você nem preciso falar muito, pois o que faz diz por si só! Estou curtindo seu blog!

Agora como seguidor!

Mariana Mauro disse...

Vickkk!
Esse texto está tudooo de bom! Sério mesmo! Me senti lá com você! Dia de eleição gera grandes reflexões, bons devaneios, mas poucos textos tão bons quanto este! Parabéns! Adorei a descrição das pessoas conhecidas! Haha!

O layout novo tá lindo... Bem inglês, bem Harry Potter! Haha! Tô sentindo um clima de ansiedade pro filme hein haha!

Beijosss e saudades!

Mirtes Rodrigues disse...

Achei bem interessante a sua reflexão e a maneira como você a expos (de forma simples e objetiva).Porém acho que você se esqueceu de dizer que o dever de um cidadão não se restringe a apenas depositar o seu voto na urna.

Parabéns pelo texto,e obrigada pelo comentário e pelos elogios que deixou no meu blog.Espero que continuei lendo,pois certamente continuarei a ler o seu.

Jane C. disse...

Eu adoro votar!As pessoas reclamam tanto,mas eu acho que muita gente sofreu nas mãos da ditadura para termos esse direito,o mínimo a fazer é valorizá-lo.
Gosto de ir,faço questão de levar o título e costumo escolher os candidatos,embora às vezes anule.E,segredinho:sempre torço pra dar problema na urna eletrônica,pra eu poder conhecer uma cédula eleitoral!

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