Estou atrasada, meu dia é muito longo e as horas, muito curtas.
Os dias mesclam-se entre si. Prevalece a inutilidade.
Nada escrevo, nada produzo. Quando o faço, simplesmente esqueço.
Meus neurônios me decepcionam, me fazem olvidar.
O ritmo passa rápido, porém, o tempo é lento.
Os caminhos traçados com minúcia passam velozes
e, ainda assim, meu caminhar é devagar.
De vagar. Lento. Vagando estou.
Sinto uma rápida lentidão que me domina e me trava,
me impede de agir, forçando-me a criar batalhas no meu interior
e de desvendar enigmas que nem eu sei quais são.
Complico minha situação, reclamo mais do que pondero.
O capricho se foi e a liberdade de agir livremente me reprime.
Isso porque o tempo é curto e o cronograma longo.
Só tenho vinte e quatro horas e o que era muito, torna-se pouco.
Parece pouco, aliás.
O mundo está pautado nas aparências.
A vida é efêmera, e, quando menos esperarmos,
o repentino nos atinge e o acaso deixa de nos proteger.
Nada mudo, nada crio, nada escrevo, nada produzo.
Seria mesmo esse o meu dever?
Afinal, nada se cria, se perde, tudo se transforma.
Positivamente, penso.
Aproveito o dia. Cada minuto dele.
Não deixo a vida passar em branco.
"O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído."