sábado, 16 de outubro de 2010

Folha em branco

Como é frustrante não saber o que escrever ou como me expressar. Não saber de onde buscar as palavras para que o caminho seja mais esclarecido, seja mais real.

Cansei de olhar para uma folha em branco e não saber o que dizer, e, ao mesmo tempo, não ter a coragem de pegar a caneta e rabiscar as primeiras palavras que me vem à mente. As primeiras expressões da manhã, assim como as últimas da noite. O nascer do Sol ou o brilhar da Lua. O raiar do dia ou o crepúsculo à noite.

Na verdade, o que mais parece me abalar não é o não saber, porque sei, mas ter o discernimento de fazer. Como diz o ditado “Mais fácil falar do que agir”. Será isso mesmo?

Como posso me abrir tão sutilmente, sem que sinta o abismo que surgirá entre o que penso e o que realmente quero demonstrar? Quero dizer, quem mais poderá ler? Muitos? Poucos? - A filosofia já dizia que nenhum artista faz a obra para si mesmo. - Somente aqueles a quem quero mostrar meu verdadeiro eu. Ou, apenas, um eu criado, fictício, alienado de todo o resto, despido de preconceitos e, até mesmo, de preceitos. Alguém diferente, esperto, ignorante, calado, falante, talvez gente, talvez não. Alguém a quem o leitor possa identificar como personagem, como palpável, no qual se pode identificar os traços da autora, sem margem para dúvidas. Este, formado por todo um conjunto de ideias e sugestões que surgem à cabeça, brilhantes, entretanto tímidas demais para fazerem de palavras soltas um texto.
Porém, depois de todas as reflexões, chego à conclusão de que não sou eu quem escreve, são as palavras e os personagens que ganham vida e tomam o rumo que querem. Eles têm tamanha influencia em seus atos que de um simples cumprimento, pode se formar uma história inteira. De uma simples caracterização, as falas e os destinos de cada um já estão determinados.
Neles estão gravados meus próprios conceitos, que acredito ou refuto. Minhas várias e múltiplas personalidades que o mundo lá fora não me permite mostrar, não me permite julgar. É, talvez seja isso. Ou, quem sabe, apenas minha imaginação ganhando asas.

Não tenho como saber. Só me resta me deixar levar, pegar a caneta e... escrever.

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